Em diferentes entrevistas ao longo da última semana, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, admitiu estar meditando sobre a possibilidade de antecipar sua aposentadoria da corte em um futuro próximo. Com o gesto, reabriu as conversas em Brasília sobre quem poderia ser o terceiro indicado de Lula para o STF neste mandato.
Hoje, três nomes aparecem com mais força na lista de apostas. No topo, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias. Ele é visto, dentro do Supremo, como alguém que “chega com força” na corrida.
Lula tem confiança pessoal e apreço por Messias —dois quesitos que o presidente passou a valorar muito nas indicações deste terceiro mandato.
A dificuldade seria obter a aprovação de um quadro tão ligado a ele e ao PT no Senado, onde a oposição conta com ao menos 36 votos sólidos. Contudo, os últimos dois indicados tinham o mesmo perfil e foram aprovados.
Desta vez, porém, um senador está entre os cotados. Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliadíssimo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, amigo de Alexandre de Moraes, recentemente elogiado por Gilmar Mendes. Chega, portanto, com o apoio do presidente do Senado e do próximo presidente do Supremo —em 2027, Moraes comandará a corte.
O problema: Lula vem externando ter planos para o senador no campo da política eleitoral. Quer convencê-lo a ser candidato em Minas Gerais para ter um palanque forte no estado.
Há ainda o fato de o presidente ter deixado muito claro, com base nas últimas indicações, que tem como critério inalienável a confiança pessoal dele, Lula, nos nomes que escolherá para o Supremo. Foi assim com Flávio Dino e mais recentemente com Cristiano Zanin.
“O Lula que faz as escolhas hoje é um Lula que passou 580 dias preso”, resume um aliado.
Por fora, corre o nome de Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União). O ministro é jovem, tem 47 anos, mas tem lastro político: é muito próximo a José Sarney, Gilmar Mendes e Renan Calheiros (MDB-AL), por exemplo.
Astuto, aproximou-se de Lula e tornou-se interlocutor de Rui Costa, chefe da Casa Civil. Ganhou confiança no Planalto, evitando a interdição de programas importantes para o governo na corte de contas, como o Pé de Meia (Educação) e o Gás para Todos (Minas e Energia).
Depois de presidir o TCU, chegou a ensaiar uma saída do tribunal. Recebeu sinalização de que esperasse. E lá está.
As especulações sobre uma aposentadoria precoce de Barroso no Supremo não são novas. Já em 2023 o ministro ventilou a Lula a ideia de que, concluindo a presidência, gostaria de se dedicar a outros projetos. Barroso passa hoje o comando do Supremo ao ministro Edson Fachin. O tempo, portanto, chegou.
“É o que acho que ele vai fazer, sair. Ele não abre 100%, mas é a impressão que tenho”, diz um colega do ministro no STF.
A questão agora seria apenas de calendário. Barroso, apostam, deve aguardar o fim do ano judiciário. Lula terá, portanto, alguns meses para fechar sua decisão.
Reportagem
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Fonte: Portal UOL
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