Manaus (AM)- Maquiador, cabelereiro, miss, modelo e trasformista, Jonysson Santos, de 23 anos, já foi uma pessoa que brigou muito, tanto com a balança quanto com a impunidade da sociedade em relação a comunidade LBTQIA+. No entanto, passou a perceber que a maior mudança deveria ocorrer a partir dele.
Jonysson, que dá a vida a modelo Laynna Souza agora é o atual Miss Brasil Diversidade e conta com projetos para trazer ainda mais representatividade para a comunidade de transformistas, drags e trans no Amazonas.
“Minha luta começou muito cedo. Desde a infância e adolescência, fui sofrendo as consequências de ser gordinho. Sofria bullying e gordofobia das pessoas da escola e da cidade. Fui me tornando um adolescente complexo, triste e inseguro”, disse Jonysson.
Ele lembra que as situações foram piorando. Somando à gordofobia, há o preconceito em que pessoas LGBTIA+ são alvo, relacionado à diversidade sexual. Tudo se tornou insuportável. Jonysson ingressou na categoria dos casos de intolerância em que a vítima decide denunciar, mas, muitas vezes, não é levada à sério. Porém, o jovem sempre conseguiu contar com o apoio da sua mãe Cleide Santos.
“Apesar de tudo, decidi dar um basta! Um certo dia, tive um choque de realidade: percebi que a decisão de mostrar quem eu realmente sou, dependia de mim. Então, antes eu me montava só para festas de carnaval, mas meus amigos me incentivaram a participar de concursos de beleza”, relata.
Ainda estava acima do peso mais não plus sizer. Eu só participava mais nunca ganhava. A virada de mesa veio em 2013, após começar a se dedicar a participar de concursos. Sua modelo, Laynna Souza participou de miss dlux, miss cachoerinha, miss nova cidade, miss Amazonas glamour, miss Amazonas universo até conseguir o primeiro grande triunfo.
“Foi quando minha vida como transformista começou que eu realmente me encontrei. Depois de muito tempo tentando vencer as competições, consegui ganhar o Miss Rondônia gay Plus Size em 2017 e pude representar o Estado no Miss Brasil Plus Size, no Rio de Janeiro”, detalha Jonysson.
Após a primeira grande vitória, precisou se preparar para participar do Miss Amazonas Gay Oficial 2018. A missão não era fácil: teria que enfrentar os fantasmas de uma infância repleta de preconceitos relacionados à aparência, além de ter que correr atrás do desafio de emagrecer 38 quilos para concorrer.
“Minha mudança foi bem radical. Quando eu ganhei o Miss Plus Size, pesava 116 quilos. Então, peguei pesado na dieta, comecei a fazer exercício físico, fui vendo o resultado e me animava cada dia mais”, comemora.
Conseguiu ainda mais destaque, após superar todos os desafios impostos antes do concurso e vencer o Miss Amazonas Gay Oficial 2018.
Representou o Estado no Miss Brasil daquele ano, mas bateu na trave, alcançando o 10º lugar, e seguiu buscando melhorar cada vez mais.
Mesmo com as conquistas e dedicação em busca dos sonhos, sentia que precisava fazer ações em prol da comunidade LGBTQIA+. Em 2020, iniciou projetos para trazer representatividade ao grupo, como a retificação de nome e gênero na certidão de nascimento e emissão de carteiras de identidade para pessoas trans.
Também deu andamento a ações voltadas à saúde envolvendo prevenção de com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)*, junto com a coordenação de IST e hepatites virais *além da parceria com a Defensoria Pública, onde obteve mais apoio para a comunidade.
Além da parceria com AHF Brasil
“Ajudar pessoas, destacando minha família, é um dos meus principais objetivos. Poder ser conhecid*a* e muito famos*a* só ajudaria ainda mais essas metas, ajudar as pessoas a crescerem junto comigo”, destaca Jonysson.
Também em 2020, recebeu o convite para ser a Miss Amazonas gay universo o que seria a sua maior conquista de todas. Porém, a vitória chegou após um período conturbado no Amazonas e no Mundo: a pandemia de Covid-19. Por ocasião da disseminação da doença, os concursos foram paralisados por dois anos.
Então, somente em 2022, que foi possível Jonysson representar o povo do amazonense no Miss Brasil Diversidade, em São Paulo
.A preparação foi longa, agitada e terminou com a conquista, não só do título, mas a realização de um sonho: foi a oportunidade de levar o nome de Tabatinga para o Brasil, levando a representatividade e superação de quem lutou contra a gordofobia e o preconceito durante toda a trajetória.
“Ser miss é muito mais do que uma faixa ou uma coroa, você tem que demonstrar no dia a dia que merece o título, seja na forma como trata as pessoas e fazendo ações para melhorar sempre. Quero ajudar muitas pessoas, levantar as pautas trans, drag e de toda a comunidade LGBTQIA+. Não estou aqui para ser só um corpinho bonito, minha missão é ajudar e emponderar cada vez mais”, enfatiza Jonysson.